terça-feira, 13 de novembro de 2012

Carta para Vovó Ivete




Vovó Ivete,

Tudo tem um propósito, uma razão. Agora seu sofrimento acabou.

Sabemos que a cruz que carregaste por estes longos anos foi muito pesada e dolorosa, mesmo assim percebíamos sua garra e vontade de lutar pela vida.

A vida é um milagre de Deus se só cabe a Deus saber a hora de nos levar. Temos de ser merecedores para viver e para morrer, aceitar todos os desígnios que Deus nos submeter. Ninguém quer vir ao mundo para sofrer, assim como Jesus não queria, porém aceitou o destino que lhe estava traçado pelo Pai, sofrendo e morrendo por todos na cruz.

Sabíamos que já estava angustiada para que a porta fosse aberta e se rompessem as barreiras físicas que lhe aprisionavam por todos esses anos. Nada disso mais te perturba, agora estás livre, repleta de luz, na plenitude de seu espírito, mais forte e cheia de vida que nunca.

Esse período que passaste enferma fez parte de sua evolução, serviu para que se desapegasse de tudo que há de material, além de fortificar e revigorar seu espírito.

Deus não nos envia uma cruz maior do que podemos carregar.

Deixaste a imagem de uma mulher imponente, briosa, elegante, cheia de fibra, com fé e devoção inabalável, símbolo de amor, forte e corajosa. Não foi atoa que criaste e educaste tão bem 10(dez) filhos mesmo perdendo ainda jovem seu marido, meu avô. Não fraquejaste em nenhum momento, com 10(dez) filhos para criar não podias fraquejar. Casaste novamente com João Assunção, de quem tenho algumas lembranças, quase todas ligadas a Serra do Gado.  Após muitos anos juntos João Assunção também partiu, mais uma vez estava viúva. Não sei se concordas, mas em muitos pontos sua história se confunde com a da sua filha Nadja.

Bem vovó apesar de toda força demonstrada até então a vida lhe reservara o golpe mais forte que puderas sofrer, pois perdeste seu filho amado Jorge Luiz, meu pai, de forma abrupta, inesperada. Pela primeira vez deste sinal de não absorver a pancada. Porém mais uma vez conseguiu se recuperar pela fé e crença na misericórdia divina.

Da tua árvore saíram só bons frutos, filhos, netos, bisnetos, trinetos e outros tantos que estão por vir, muitos não te conheceram, outros não te conhecerão, porém enquanto aqueles que te conhecem estiverem aqui sua memória será lembrada e seu exemplo de vida será repassado.

Fique em Paz.
Nós te amamos.   
       
Jorge Augusto Galvão Guimarães